Nas águas profundas
“Ó Pai de ternura: nesta tarde eu tomo nas mãos este cálice amargo e o deposito amorosamente em vossas mãos como dom de amor e preço de resgate. Assumo a dor da humanidade inteira em minha própria dor. Assumo o assassíno de milhares de seres inocentes em meu próprio assassínio. Quero carregar as infinitas injustiças e atropelos da humanidade na minha própria execução.
Em minha agonia, agonizarão os moribundos de todos os séculos. Quero que nesta tarde, Pai Amoroso, o imenso cúmulo do sofrimento humano, uma vez transformado em amor na minha dor, tenha sentido de redenção e valor de expiação, e assim a dor seja santificada para sempre. Numa palavra, quero que nesta tarde a dor e o amor se abracem como o crepúsculo e a aurora, e seja a redenção uma árvore de fronteiras abertas que, com sua sombra, cubra a humanidade inteira. Quero empurrar a humanidade para um lar desconhecido, liberar os cansados pés das pesadas correntes e pôr em movimento um amor que não possui nem é possuído”.
Do livro “O pobre de Nazaré” do Frei Inácio Larrañaga.
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