Você me conhece?

Venho de uma pátria profunda, alta e distante. Meu Pai e minha pátria. E não vim, fui amorosamente enviado. Por isso, em meu exilio respira-se uma consoladora solidão, e em minha solidão ressoam, dia e noite as canções e palavras de meu Pai. Por isso, minhas palavras naufragam repetidamente em suas correntes interiores, porque vocês não conhecem Aquele que me enviou, e, por conseguinte, também não me conhecem.

Todos os sedentos do mundo que estão buscando água fresca, venham a mim. Eu sou a fonte que frota, fresca, ente os morros. Minhas águas vão rolando de rocha em rocha até transformar-se no seio dos que me bebem em correntes que saltam, como nascentes, até as alturas eternas. Como o riacho conta seus segredos ao mar, eu entregarei os segredos de meu Pai a quem se aproximar para beber em minhas águas. E os que beberem serão como ribeirões que caminham, contando os segredos de meu Pai aos jardins e aos trigais, em sua rota para o mar.

Extraído do livro “O pobre de Nazaré” do Frei Inácio Larrañaga