A vivência do abandono
Em qualquer momento do dia chegam-nos de surpresa incômodos, decepções, desalentos, doenças, traições, incompreensões...; o crente (após lutar para resolver tudo o que tem solução) descobre a mão do Pai que tudo dispõe e permite, renuncia à sua instintiva resistência mental, e entrega-se, em paz e silêncio, em suas divinas mãos, numa atitude de abandono.
O pior desgosto pode dissipar-se com apenas um “Faça-se a tua vontade”. Não existe analgésico mais eficaz para os sofrimentos da vida.
O “abandonado” acalma as rebeldias reativas que lhe vêm dos golpes da vida, apaga os clamores de ressentimento, apoia sua cabeça nos braços do Pai e, com um “faça-se a tua vontade”, fica em silêncio e paz, e consegue viver livre e feliz.
Com a vivência do abandono nasce a serenidade, desaparecem os complexos, os medos lós levam o vento, desterram-se as angústias, trocam-se as amarguras por doçuras, desaparece a ansiedade pelas incertezas do futuro; com um “Faça-se a tua vontade”, os fracassos deixam de ser fracassos, e a morte, como acorreu no Getsêmani. Enfim, não há derrota possível para os que se abandonam.
Extraído do livro “Itinerário Rumo a Deus” do Frei Inácio Larrañaga
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