Amizade
Na própria substância da pessoa estão subjacentes as sementes do que chamaríamos amor de amizade. São forças de relação. Nascem com a pessoa. Vêm do sangue. Algumas vezes podem ser estimuladas por circunstâncias históricas, mas em geral são congênitas. Vamos dar-lhe um nome: afinidade.
Trata-se de uma simpatia natural, que brota espontaneamente entre duas pessoas. Já existia antes que as duas pessoas encontrassem. Bastou que se fizessem mutuamente presentes, e a força simpatizante foi despertada. P 131. A amizade não é senão o cultivo dessa simpatia pré-existente. É o desenvolvimento dos harmônicos subjacentes nas duas pessoas. Basta por em contato essas forças empáticas em contato, como dois pólos, e nascer a amizade, com naturalidade!
Isso é fácil de perceber e difícil de expressar. Para exprimirmos cunhamos algumas expressões na linguagem popular: combina bem comigo, não é do meu tipo. Ou então: gosto dessa pessoa e não sei por quê; não posso nem ver aquela outra, e não sei por quê. Como se vê, trata-se de forças subjetivas, de caráter emocional, que escondem as raízes no submundo inconsciente. Não têm lógica nem explicação ou racional.
E dessa afinidade nasceu a amizade. Esse “não sei que” - como as pessoas dizem - que fez nascer entre duas pessoas, desde o dia em que se conheceram, uma viva simpatia, como por geração espontânea, e as levou a se relacionarem sempre ás mil maravilhas, a conviver até a morte em feliz harmonia, apesar de seus critérios, serem muito divergentes em muitas coisas.
Do livro Sobe comigo do Frei Inácio Larrañaga
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