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Os sentimentos de culpa


Uma cosa é a humildade, outra é a humilhação. A humildade é filha de Deus é a humilhação é filha do orgulho. A humildade é uma atitude positiva, a humilhação é autodestrutiva. No fundo dos complexos de culpa levanta-se incessantemente o binômio de morte: vergonha-tristeza. De fato, em última análise, os complexos de culpa se reduzem a esses dois sentimentos combinados.


Esses sentimentos foram cultivados deliberadamente em nós. Como se nos dissessem: você tem se humilhar, castigar, porque é um miserável que não merece misericórdia. No fundo, era convite tácito para arrojar-se contra se mesmo por ser pecador. O pecador merecia castigo e, antes de ser castigado por Deus, era preferível que castigasse a si mesmo, psicologicamente.


Quando a pessoa se castigava (através dos sentimentos de culpa) tinha a impressão de que estava satisfazendo a justiça divina e aplacando sua ira. Era preciso fazer penitencia para merecer a misericórdia divina, esquecendo-se de que, mesmo que se faça penitência até o fim do mundo, a misericórdia não se merece, se recebe.


E encontramos Jesus nos Evangelhos inventando comparações e parábolas para dizer-nos que, afinal de contas, Deus não de nada do que nos meteram na cabeça, mas, muito pelo contrário, é ternura e carinho, perdão incondicional, amor eterno e gratuito; que Deus é como o Papai mais querido e que mais ama na terra; que, para Ele, perdoar é uma festa, e que os mais frágeis e quebradiços, os que tem a história mais infeliz no terreno moral e os últimos, esses são os que têm as preferencias do Papai Deus.

 

Extraído do livro “Salmos para a vida do Frei Inácio Larrañaga

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