Para a serenidade
Infinito em sonhos e insignificante em realizações, assim é o homem. Deseja muito, pode pouco; aponta para o alto, alveja baixo; o que não gosta, não consegue fazer o que gostaria; esforça-se para ser humilde, não consegue; tenta agradar a todos, não tem retorno; propõe-se a realizar metas grandiosas, fica na metade do caminho; luta para suprimir os rancores, extirpar a inveja, acalmar as tensões, agir com paciência...Mas não se sabe que demônios internos lhe impedem a passagem e o fazem fracassar. Originalmente, o homem é isto: contingência, precariedade, limitação, impotência...E essa é fonte mais profunda do sofrimento humano.
O erro fundamental do homem consiste em viver entre sonhos e ficções. Porém, o Capítulo I, da sabedoria, nos propõe olhar tudo com os olhos bem abertos, permanecer sereno, sem pestanejar diante das asperezas da realidade, aceitando-a como ela é, e ter consciência de que somos essencialmente desprotegidos, sendo bem pouco o que podemos; que nascemos para morrer, que nossa companheira é a solidão, que a liberdade está mortalmente ferida e que com grandes esforços conseguiremos pequenos resultados.
A vida do homem sábio deverá ser um constante passar das ilusões para a realidade, da fantasia para a objetividade. Precisamos declarar guerra aos sonhos, depenar as ilusões e avançar para a serenidade.
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