Um encontro de vida
Os Salmos são a flor e o fruto de um longo romance, mantido entre Deus e o homem, um romance cujos primeiros balbucios se perdem na alvorada do Povo de Deus.
Todo encontro é o cruzamento de duas rotas, de dois itinerários ou interioridades. O homem busca Deus e não pode deixar de buscá-lo. Em sua oficina de artesanato — o homem não deixa de ser uma obra de artesanato—, ali, no coração em que o concebeu e modelou, Deus deixou nas raízes do ser humano uma marca dele mesmo, o selo de seu dedo, sua própria imagem, que vem a ser como uma poderosa força de gravidade que o arrasta, com uma atração irresistível, para sua Fonte Original. (Isso me faz lembrar os salmões, que nascem em um rio, e depois de percorrer milhares de quilômetros por todos os mares do mundo, voltam, não se sabe por que misterioso mecanismo magnético, ao mesmo rio em que nasceram).
Também Deus nos procura, porque também Deus se sente atraído pelo ser humano, porque Deus vê sua própria figura refletida nas profundas águas humanas.
Por isso, o cruzamento ou encontro desses dois rios, provoca o gozo típico de duas naturezas harmônicas que se encontram, e o choque típico de dois "indivíduos" diferentes.
Desta convivência na fé, nasce a amizade entre os dois que, no caso dos homens e mulheres de Deus, foi e é insubornável, inquebrantável.
Do livro Salmos para a Vida do Frei Inácio Larrañaga
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