Um encontro de vida
Os salmos são, flor e fruto de um longo romance mantido entre Deus e o homem, um romance cujos primeiros balbucios se perdem na alvorada do Povo de Deus.
Todo encontro é o cruzamento de duas rotas, de dois itinerários ou interioridades. O homem busca Deus, e não pode deixar de busca-lo. Em sua oficina de artesanato – o homem não deixa de ser uma obra de artesanato – no coração em que o concebeu e modelou, Deus deixou nas raízes do homem uma marca dele mesmo, o selo de seu dedo, sua própria imagem, que vem a ser como uma poderosa força de gravidade que o arrastra com atração irresistível para sua Fonte Original.
Também Deus busca o homem, porque também Deus se sente atraído pelo homem, porque Deus vê sua própria figura refletida nas profundas aguas humanas. Por isso, o cruzamento ou encontro desses dois rios provoca o gozo típico de duas naturezas harmônicas que se encontram, e o choque típico de dois “indivíduos” diferentes.
Mas, apesar de tudo, os dois voltam a se encontrar para continuar juntos e percorrer, um ao lado do outro, o itinerário da vida e da história. Dessa convivência na fé nasce a amizade entre os dois que, no caso dos homens de Deus, foi e é insubornável, inquebrantável.
Do livro “Salmos para a vida” do Frey Inácio Larrañaga
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